O governo de Evo Morales, na Bolívia, depois dos 14 anos ditatoriais de Hugo Chávez, marca a ascenção ao poder pela primeira vez de um descendente indigena, da etnia uru-aymará.
Coincidentemente (ou não), marca também o surgimento de uma “nova classe social”, chamada “choliburguesia”, formada em sua maior parte por indígenas e descendentes.
O arquiteto Freddy Mamani Silvestre é um dos símbolos dessa nova classe em ascenção. Conhecido como o Rei da Arquitetura Andina, suas criações são apelidadas de “naves espaciais” e explodem em formas e cores que bebem na cultura tihuanacota, através da iconografia andina de Tihuanaco, resgatando os valores de seus ancestrais e adaptando-os à nova realidade de um país marcado por contrastes extremos.
De pedreiro a engenheiro e posteriormente a arquiteto, Freddy Mamani é hoje um nome disputado em congressos de arquitetura mundo a fora, mas está longe de ser uma unanimidade. Se muitos vêem em seus prédios traços da arquitetura neobarroca ou neoandina, outros tantos classificam sua arquitetura como esquizofrenica e feia.
Indiferente às opiniões alheias e até mesmo à projeção que seu nome vem tomando no cenário internacional, Freddy Mamani diz que não ficou rico com suas obras e quer apenas seguir construindo sua fachadas com recortes geométricos e os interiores com tetos que esbanjam cores inspiradas nos tecidos folclóricos.
Ele frisa que a única coisa que mudou em seu trabalho é que hoje ele pode assinar seus projetos sem receio que seu sobrenome cause algum impedimento, coisa que acontecia com frequência antes da chegada de Morales ao poder.
Outro sonho: viajar a Barcelona para conhecer algumas das obras de Gaudí.