Quando pensamos em espaços públicos para pessoas, o que vem em nossa mente? Praças públicas, parques municipais, calçadões, jardins públicos…. Infinitas possibilidades de respostas que dependem exclusivamente do universo no qual a pessoa está inserida.
Tenho falado sobre espaços que promovem interação entre pessoas frequentemente, seja no universo particular ou no público, e percebo claramente a insatisfação geral das pessoas com as quais convivo sobre os espaços públicos de modo geral, e a migração das pessoas para os espaços de convívio particular não é uma novidade.
Temos uma tradição de formação das cidades a partir de praças e calçadas públicas que promoviam o encontro entre as pessoas, e que eram o espaço de muitas atividades sociais e culturais.
Hoje em dia quando visualizamos praças e calçadas, será que o sentimento de interação vem à tona, e a real situação em que se encontram permite efetivamente um bom espaço público?
Sabemos que alguns espaços públicos estão atrelados ao sentimento de insegurança pública e delinquência, pois nestes locais podemos observar pessoas em risco social, que buscam estes locais como abrigo e em decorrência desta ocupação outras situações são criadas.
Existem diversas ações promovidas pelo poder público que tentam resgatar tradições culturais e sociais com o objetivo de melhorar a qualidade de vida por meio de interação social. Isto é louvável, mas sem planejamento efetivo as ações ficam pontuais e por conta de descontinuidade de planos de governo, as ações podem cair no esquecimento e se perdem com o tempo.
Para o planejamento ser sustentável, sabemos que muitos espaços devem ser requalificados e reformados de maneira a permitir a circulação e permanência de pessoas, e isso se faz por meio de projeto urbano.
É um simples projeto que resolve a questão de requalificação dos espaços e parques públicos? Não. Para que o espaço público seja utilizado constantemente pela comunidade, e não só seja um espaço de passagem, além de ser bem projetado, o sentimento de pertencimento deve ser fortalecido e trabalhado junto com a vizinhança a fim de que o resgate da tradição de interação social da comunidade seja promovido.
Além disso, a vegetação deve ser um dos pilares principais deste bom planejamento de construção de espaço público de qualidade. Sua importância reside na capacidade de tornar o local mais acolhedor visualmente e beneficiar a qualidade de vida da população.
Acredito, portanto, no papel social do arquiteto que diante desta situação presente em todas as cidades deve se posicionar de maneira efetiva para defender o bom planejamento.
Trazendo esta questão para nossa realidade de cidade a iniciativa do Instituto dos Arquitetos do Brasil do Núcleo Aglomerado Urbano de Jundiaí (IAB AU Jundiaí), que ao defender que o planejamento urbano é um processo contínuo e estratégico, independente de questões partidárias, se coloca à frente de questões importantíssimas da cidade e região, e deve ter o total apoio da sociedade e do poder público.
Larissa Carbone
Texto publicado na minha coluna no Jornal de Jundiaí.