Refletindo sobre o que escrever após inúmeras leituras genéricas e específicas de minha profissão, vou falar sobre o que movimentou o cenário internacional nas últimas semanas…
Tenho abordado temas sobre arquitetura e urbanismo, sobre o papel do arquiteto como agente transformador do espaço, e na responsabilidade de se produzir espaços públicos e privados com qualidade e acessíveis a toda a população, a partir da construção do ambiente que promova a interação das pessoas, voltamos à questão de arquitetura para pessoas.
Podemos criar linhas de pensamento e estudos diversos considerando inúmeras teses do urbanismo, e estudar ainda todas as críticas à cidade atual e aos poderes econômicos que influenciam a produção e os mecanismos de manuseio urbanísticos, mas um elemento fundamental permite todas as relações entre pessoas e com as edificações: a mobilidade.


O que me fez pensar de maneira diferente nas últimas semanas foi a passagem do Furação Irma, que mobilizou o Governo Norte Americano e Central para promoverem a devida orientação e todas as ações possíveis diante de uma catástrofe iminente.
Foram diversas informações para a população sobre como proteger as residências, para limparem seus quintais, para estocarem alimentos e água, para deixarem as áreas de risco, enfim ações que puderam diminuir o risco de algumas pessoas, mas o deslocamento para abrigos e outras cidades foi inevitável. Estradas lotadas, filas e filas de automóveis, postos de combustível desabastecidos, supermercados esvaziados, e pessoas paralisadas diante da força e poder da natureza.


O que podemos identificar é que somente o bom planejamento urbano não seria capaz de reverter ou impedir esta situação de calamidade da ação da natureza. Estes locais de risco de furações não deixarão de serem habitados, o mesmo podemos pensar para locais sujeitos a terremotos e tsunamis.
Algumas situações são previsíveis e o poder público tem o papel de se preparar para situações como estas com de planos de ações em situações de risco. Por isso a mobilidade deve garantir o deslocamento seguro e eficiente sempre.
E o que pensar ao ver as construções de madeira totalmente destruídas por serem muito vulneráveis? São para serem construídas novamente de maneira rápida para situações como esta? Porque não foram construídas de maneira mais sólida já que estão em local de risco?


São características de construção bem específicas que não costumamos ver por aqui e que são objetos de outras interferências econômicas, sociais e culturais.
As possibilidades de planejamento e arquitetura são muito sutis diante de catástrofes naturais não previsíveis como esta, mas o estudo de soluções técnicas construtivas mais eficazes e sustentáveis deve ser desenvolvido e aprimorado, para que o regresso das famílias as suas habitações e a apropriação do espaço público com segurança devem ser prioridade para as situações já conhecidas diante do poder da natureza.

 

Artigo publicado em minha coluna no Jornal de Jundiaí – Portal JJ