O plástico é o grande vilão do momento. Transformado em produto barato, corriqueiro e descartável, o plástico tornou-se um problema de dimensões globais, poluindo e contaminando o solo, lençóis freáticos e os oceanos. Um triste fim para a descoberta de Leo Baekeland em 1907, que revolucionou a indústria após a Segunda Guerra Mundial e foi tão bem explorada e trabalhada por designers como Verner Panton.
O plástico era o material perfeito para as criações cheias de curvas sinuosas, coloridas e brilhantes do designer dinamarquês. Panton vislumbrou um futuro feliz e colorido, misturando o lisérgico ao lúdico, a brincadeira e o sonho.
Considerado um dos designers mais influentes do século XX, Panton começou sua carreira como artista plástico e depois de formar-se em arquitetura pela Real Academia Dinamarquesa de Artes, trabalhou no escritório de arquitetura do também dinamarquês Arne Jacobsen.
Ao montar seu próprio escritório, Panton ficou conhecido como o “enfant terrible” por seus projetos ousados e inovadores como A Casa Desmontável (1955), A Casa de Papelão e A Casa de Plástico (1960). Também em 1960 foi o primeiro a utilizar o plástico injetado na produção de cadeiras e criou o conceito de cadeiras empilháveis. Sua cadeira Panton tornou-se um dos grandes clássicos do design.
Mestre das cores Verner Panton é também o criador de cores Pantone, que garantia o padrão de cores na reprodução de suas criações. A ideia da cartela Pantone foi comprado em 1962 por Lawrence Hebert (até então dono de uma pequena gráfica) e tornou-se o sistema mais utilizado e famoso do mundo.
Nos anos 70 Panton fez vários projetos de interiores e seu estilo psicodélico radical – com paredes estofadas, tetos sobrecarregados de detalhes e o uso intenso de cores fortes – marcou época em residências, restaurantes, boates e escritórios.
Entre seus projetos mais audaciosos está o da sede da revista dinamarquesa Spiegel. Panton projetou o pátio e saguão de entrada, a cantina e áreas de bar, a piscina para funcionários na cave do edifício, as salas de conferências e de estar, bem como os esquemas de cores para os corredores das áreas administrativas e editoriais.
Panton expandiu sua criação também para luminárias e estampas para indústria têxtil. Nos anos 90 o estilo Panton ficou “datado” demais, porém retornou nos anos 2.000 já como clássico. Seus desenhos para tecidos e tapeçaria, bem como seus móveis e luminárias, até hoje são reproduzidos e copiados no mundo inteiro.
Verner Panton jamais poderia imaginar que no futuro o plástico se tornaria um grande mal para todo o eco-sistema e que o mundo não seria assim tão belo, colorido e brilhante. Mas vendo as criações do grande mestre, podemos perceber que o plástico não é um vilão, o problema está no modo em que usamos esse material.