Lembra das casinhas dos Hobbits, aqueles adoráveis personagens criados por J. R. R. Tolkien em “O Senhor dos Anéis”? Elas eram o meio termo entre as cavernas e as casas convencionais que conhecemos hoje.
Mas a ficção baseou-se em conhecimentos práticos de vários povos da antiguidade, na busca de proteção contra seus predadores naturais e também às variações climáticas.


Os jardins suspensos da Babilônia talvez sejam o mais antigo exemplo da utilização de canteiros e plantas como cobertura para proteção contra as intempéries. Criados pelo imperador Nabucodonossor II (605 – 562 a.C.), os incríveis jardins supensos se tornaram uma lenda e suas ruínas situadas no Iraque são uma das 7 maravilhas do mundo antigo.
Mas os Vikings aplicavam a mesma técnica às suas construções para se protegerem do frio. As rústicas casas de pedra possuíam telhado verde que as tornavam seguras e climatizadas.


Nos anos 20, Le Corbusier colocava o terraço-jardim como um dos 5 pontos fundamentais da arquitetura moderna, em sua visão de que as cidades devem sempre contemplar o humano para que o desenvolvimento se dê forma saudável.
Na busca de soluções construtivas que diminuam a pegada de Gás Carbônico das residências e os danos causados ao meio ambiente pela ocupação do solo principalmente nas grandes cidades, essa técnica voltou à pauta de arquitetos e urbanistas renomados.


Em vários lugares do mundo, como Copenhague e Beirute, já existem leis que incentivam a implantação de telhados verdes nos novos edifícios. Em Toronto, no Canadá, uma lei similar resultou em 1,2 milhão de metros quadrados de áreas verde em diferentes tipos de construções e uma economia de energia de mais de 1,5 milhão de kWh por ano para os proprietários dessas edificações.


Em 2015 publiquei um post no blog (clique aqui) abordando esse tema e ele voltou à minha agenda agora graças ao interesse de uma cliente no assunto e sua predisposição em um projeto que contemple essa solução ainda pouco explorada no Brasil, apesar de contarmos com algumas obras de referência como o Centro Cultural São Paulo, inaugurado em 1982 e concebido por um grupo de arquitetos coordenado por Eurico Prado Lopes e Luiz Telles.
Outro projeto interessante é do Shopping Eldorado que utiliza todo o seu telhado para uma imensa horta que abastece toda a praça de alimentação com frutas, verduras e legumes 100% orgânicos, além de aproveitar o lixo para a compostagem da terra dos canteiros.


Os custos para instalação de um telhado verde, ou cobertura verde como preferem chamar alguns, são elevados mas a relação custo benefício a médio prazo é uma das suas maiores vantagens.

 

Ilustrações e fotos: Pinterest