Em continuidade a linha histórica e de pensamento de texto anterior, o recorte do tempo em que mudanças foram de extrema importância para a produção no cenário econômico, financeiro e sobretudo no mundo das artes em geral e design, podemos destacar a produção da arquitetura moderna também.
Foram várias rupturas que nos trouxeram produções arquitetônicas icônicas e que até hoje nos enche de orgulho e são fontes de inspiração. Foram décadas de transformações, divididas em várias fases com características próprias.


No Brasil o movimento surgiu em um momento de insatisfação política e culminou na Semana De Arte Moderna , em 1922. Vários artistas conhecidos foram protagonistas, dentre eles Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Guimarães Rosa, Cecília Meireles, Paulo Mendes da Rocha, Lúcio Costa, Oscar Niemeyer só para citar alguns…


Na arquitetura o movimento europeu veio para solucionar problemas sociais e econômicos junto com a revolução industrial, e a ruptura com tradições era um dos objetivos. Aqui a revolução tecnológica ainda não tinha seu momento produtivo forte, mas o movimento europeu foi suficiente para impulsionar grandes arquitetos pensarem a cidade de maneira diferente.


Le Corbusier, arquiteto francês que redigiu a Carta de Atenas, documento compromisso resultante de várias discussões entre Cidade arquitetos e urbanistas, de 1933, tratou da “cidade funcional”, que considerava a cidade como um organismo vivo a ser concebido de modo funcional, na qual as necessidades do homem devem estar claramente colocadas e resolvidas.


Este documento foi uma fonte de inspiração para o arquiteto Lúcio Costa ao projetar Brasília, que com sua bravura conseguiu romper tradições. Penso que devemos provocar nova ruptura para evoluirmos enquanto cidade e produção arquitetônica resultante disso. Muitos conceitos do movimento modernista ainda são utilizados, e muitos evoluíram para nossa condição atual de cidade e moradia.


Conversando com colegas para trocar experiências no exercício de projetar, percebi a importância de utilizarmos conhecimentos já adquiridos e entendo que devemos ter profundo respeito ao olhar para trás, reverenciando de maneira correta o que deu certo, para saber criticar de maneira coerente as ações que modificaram as cidades negativa ou positivamente, e utilizar nossa sabedoria para não conceber os mesmos erros ou motivar retrocessos urbanísticos que interferem diretamente na vida das pessoas.


O recorte histórico que fiz sobre história do modernismo se justifica a medida que o conhecimento de acontecimentos se faz necessário para avançarmos.
Na prática, no caso de Jundiaí, podemos citar nosso Plano Diretor que foi alterado e hoje se encontra vigente após um ano de sua aprovação. Foi amplamente discutido com a população e sabemos que temos ajustes para realizar, porém o engajamento com a classe de urbanistas se faz necessária para o exercício de boas práticas e a adequação a realidade atual concebida.


O papel do arquiteto urbanista mais uma vez se faz necessário para a discussão democrática da cidade. Em Jundiaí, o Instituto dos Arquitetos do Brasil – Núcleo Aglomerado Urbano de Jundiaí atua diretamente neste processo e participa das ações do município como entidade apartidária e sem fins lucrativos.
A ruptura deve acontecer, mas o reconhecimento do passado e do que está “escrito” deve ser fundamental para continuarmos com o desenvolvimento sustentável de nossas cidades.

 

Artigo publicado no Jornal de Jundiaí / Portal JJ