Começa hoje a 37ª Semana de Moda de São Paulo (SPFW),
no recém inaugurado parque Cândido Portinari, com o tema Moda e Arte. Já
falamos aqui sobre a estreita relação entre a Moda e a Arquitetura, mas hoje
vamos refletir um pouco sobre o tema da Fashion Week e relembrar alguns ícones
dessa sempre polêmica união.
As roupas, assim como a arquitetura, surgiram como uma
necessidade para enfrentar diferentes as condições climáticas mas, desde seus
primórdios, serviram para evidenciar as diferenças sociais. 
Essa característica atingiria seu nível máximo no
reinado de Luiz XV (1710-1774), na França do século XVII, onde a ostentação e o
luxo foram um dos estopins da Revolução Francesa. O conceito de moda surgiria
com Maria Antonieta (1755-1793), famosa e copiada por seus luxuosos vestidos
criados e confeccionados por Rose Bertin. 
A Revolução Industrial atingiu seu ápice no século XIX mas
a moda só se posicionou efetivamente como Indústria no começo do século XX,
impulsionada pelo cinema, revistas e a Primeira Guerra Mundial.
Com a popularização da moda e seu crescimento como
negócio, os estilistas cresceram em importância como ditadores de tendências e
passaram a flertar com as artes, na busca de diferenciais para atender as
elites, sempre ávidas por novidades e diferenciais.
Luísa Casati, A Marquesa (1881-1957), talvez tenha sido
a grande inspiração. Milhonária, excêntrica e amiga dos maiores artistas de sua
época, ela tinha como lema e objetivo transformar-se em uma obra de arte viva.
Seu guarda-roupas tinha peças absolutamente inusitadas, criadas por ela ou por
artistas como Léon Bakst e Paul Poiret, ou designers como o espanhol Mariano
Fortuny e o russo Romain de Tirtoff (Erté).
A estilista Elsa Schiaparelli (1890-1973) também buscou
nas artes plásticas a inspiração e o diferencial de suas criações. Sua Maison
em Paris, na década de 1930, contratava artistas como Salvador Dali e Jean
Cocteau para desenvolverem suas estampas e coleções de acessórios.
Yves Saint Laurent (1936-2008) se inspirou e homenageou
Mondrian em sua coleção de 1965. Na coleção de 1980 ele fez o mesmo com
Matisse.
Em 1973 a ex-editora chefe da Haper’s Baazar e Vogue
Americana, Diana Vreeland (1903-1989), causou polêmica no mundo das artes com a
exposição The World of Balenciaga no Metropolitan de Nova York.
Mas a
retrospectiva Giorgio Armani em 2002, no Guggenheim, também Nova York, causou
um verdadeiro escândalo, tanto no mundo das artes como no mundo fashion. O “ex-alfaiate promovido a grande potência do mundo da
moda”, teria “doado” 15 milhões de dólares ao museu em troca dessa exposição com cara de estratégia de marketing.
A moda é em sua essência um produto, consumível e
descartável. A arte busca a eternidade e a contemplação. Há os que defendem e
os que criticam essa união mas ela é um fato e incontestável. E talvez uma
prova definitiva de eu opostos se atraem e se completam. 
Fontes e Fotos: FFW, Costume Insttute of Metropolitan Museum, Voguepedia, Folha de São Paulo e o livro Moda Uma Filosofia.