Recentemente tenho visto várias matérias jornalísticas criticando as instalações e infraestruturas realizadas para as Olimpíadas do Brasil, que ocorreu no Rio de Janeiro em 2016.
Não só pela constatação de que as estruturas gigantes construídas para o evento estão ociosas e pelo alto custo de manutenção de cada uma, mas principalmente pelos escândalos de corrupção atrelados aos governos municipal, estadual e federal empenhamos na causa da construção das edificações necessárias para o evento ocorrer.
Trata-se de uma oportunidade para qualquer cidade alavancar investimentos e agregar vantagens urbanísticas, sociais, culturais e econômicas, porém não podemos fechar o cenário somente para o caso Brasil.
O tema me chamou atenção por ler uma matéria sobre as próximas olimpíadas de Paris que acontecerá em 2024, que tem como principal preocupação a sustentabilidade.
O evento acontece a muitos e muitos anos, e sua origem está na Grécia antiga, na cidade de Olímpia, onde os Jogos Olímpicos da Antiguidade tiveram início para quê os participantes homenageassem o deus Zeus. Os homens participavam dos jogos em honra a Zeus e as mulheres tinham seus próprios jogos em honra à Hera. O vencedor recebia uma coroa de louro ou de folhas de oliveira.
Ora, se o evento acontece A milênios porque a sociedade/organizadores ainda cometem erros primordiais em seu planejamento e realização…. claro, são muitos interesses e conveniências envolvidos em um grande acontecimento!
Os escândalos de corrupção, construções mal acabadas, com problemas estruturais, de manutenção caríssima e espaços grandiosos e sem utilização não são exclusivos da estrutura brasileira.
Em rápida pesquisa pode se desvendar casos bem famosos com inúmeras questões negativas, e como exemplo posso citar o caso Pequim das Olimpíadas de 2008 que estão sem uso e apresentam um custo elevado até hoje.
Considerando os exemplos de eventos já realizados chega se a conclusão de que nas cidades onde não existe infraestrutura adequada à construção dos espaços deve ser considerada assim como a vila olímpica que deve ser uma oportunidade para alavancar o mercado imobiliário, porém com cautela e planejamento sustentável adequado para a cidade e para quem habitará e utilizará os espaços.
Porque não utilizar estruturas e habitações para a população que mais necessita? Os índices urbanísticos são amplamente analisados e estudados por arquitetos e urbanistas, mas sabemos que muitos dados são utilizados indevidamente e em benefício de poucos.
Em Paris, o escritório de arquitetura e urbanismo Populous, que também fez o projeto da Arena das Dunas em Natal, Olimpíadas Brasil 2016, será o responsável pelo plano estratégico e visionário. As premissas básicas de um bom planejamento serão respeitadas, tais como a utilização de estrutura existente combinada com a sustentabilidade das ações garantindo o principal para um evento como este, a mobilidade.
As adaptações de estruturas existentes, tanto temporárias como as definitivas, certamente são menos onerosas para os cofres públicos e para a parceria com a iniciativa privada e a intenção de destinar as moradias da vila olímpica para a população de baixa renda me chamou muito a atenção e foi o que me motivou a escrever sobre o assunto.
A cidade de Paris tem muito a ganhar sendo um belo exemplo de inovação e principalmente sendo o cenário perfeito como pano de fundo para este evento que na antiguidade simbolizava um evento de trégua e paz entre um período de guerras entre as pessoas. Já estou ansiosa para conhecer mais o projeto que deve ser carregado de história e simbolismos.
Matéria publicada na minha coluna no Jornal de Jundiaí / Portal JJ.
Fotos: Pinterest