No meu artigo anterior deixei um questionamento de qual seria o melhor espaço para se morar: Morar em condomínio de casas com grandes áreas e espaços de lazer fora do centro da cidade, mas que precisa de um deslocamento grande entre moradia e trabalho, ou morar em condomínio vertical bem localizado no centro, em apartamento com área reduzida, espaço gourmet na varanda e área de lazer de condomínio?
Acredito que não tenha uma resposta ideal! Cada pessoa define o que é melhor para si. E não são somente estas duas tipologias que definem a moradia.
Ao refletir sobre isso, nada melhor do relatar minha experiência pessoal de moradia. Eu e minha família amamos onde moramos… Moro na região central da cidade de Jundiaí, em um apartamento de layout antigo e modernista, projetado pelo grande mestre da Arquitetura e Urbanismo de Jundiaí Araken Martinho. Morei quando adolescente neste mesmo apartamento com meus pais e hoje ainda permaneço lá. Quando jovem não gostava tanto, mas hoje percebo as inúmeras qualidades do prédio e do entorno onde ele se localiza.
Posso ir a pé em todos os serviços essenciais necessários, nos locais de lazer e entretenimento e ainda ao trabalho. Tenho acesso a tudo e a todos. Me relaciono com os vizinhos, com os funcionários das empresas e lojas que frequento, além dos seguranças das ruas do entorno e os guardinhas da rua, que sempre cumprimento.
Um diferencial da nossa moradia é a funcionalidade dos espaços e a iluminação que nos acompanha o dia todo. Podemos ver o nascer e o pôr do sol, e os espaços internos são generosos e como falamos são à “moda antiga”. Quem não gostaria de ter hoje uma cozinha grande com copa além da sala de jantar? Não temos a varanda dos novos layouts que é o grande desejo de muitos, porque o espaço gourmet dos novos apartamentos ainda é o sonho de várias famílias, mas valorizamos tudo o que temos.
Então que tal observar a cidade com um olhar diferenciado buscando valorizar o que temos já edificado, que pode oferecer qualidades e possibilidades para todas as famílias.
Quando penso nas construções existentes, a conexão com a idéia de reformar, dar novo uso aos espaços, e requalificar espaços internos e externos, para mim é imediata. O desejo de construção é muito intenso em todos os significados que isso representa.
Permitir que um espaço construído seja objeto de uma reforma ou requalificação para uso pessoal ou comercial é de grande valia, pensando na cidade então…mais ainda.
Vários estudiosos já escreveram sobre isso, e quando falamos em novos usos para moradia, muitos se lembram da imagem dos lofts nova iorquinos, que foram objeto de requalificação de espaços industriais vazios no século passado. Porém ao pesquisar rapidamente sobre o tema, identifiquei que a primeira versão urbana surgiu na França, no início do século passado, com os apartamentos da Cité Radieuse, do arquiteto urbanista Le Corbusier, outro grande mestre do modernismo.
Sinônimo de inovação, a requalificação dos espaços tem tudo a ver com a sustentabilidade de nossas ações em sua própria essência.
O que nos move hoje são as experiências que podemos agregar com tudo
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