Manhã deliciosa cheia de histórias, cores e muita arte.
A visita ao ateliê de Inos Corradin foi um dos momentos que ficarão para sempre registrados em minha memória.
Quando cheguei senti algo que não conseguia entender. Aos poucos percebi que o cheiro das tintas estava na minha memória, da época das aulas de pintura ainda na minha infância. Tinha 5 ou 6 anos… Imagine o que uma tela em branco e dezenas de potinhos de tinta significam para uma criança.
E acho que esse lado lúdico se preserva mais nos artistas. Essa capacidade de dar forma aos sonhos, à imaginação, de misturar sem medo formas, cores… e construir universos.
Inos nasceu em 1929 em Piemonti, Itália. Sua primeira infância foi em Montreaux, na Suíça Francesa. Depois, de volta para a Itália, cresceu e passou toda sua juventude em Castelbado, Província de Pádova. Começou a estudar pintura em 1945 e trabalhou com o pintor Ugo Pendini.
De sua chegada ao Brasil em 1950 até sua primeira individual, que aconteceu em 1977 na Galeria André – São Paulo, foram 27 anos de muito trabalho que o consagraram como um dos grandes nomes da pintura
contemporânea brasileira.
Hoje Inos é uma “celebridade”, com muitas exposições no Brasil e no exterior, com obras no acervo dos maiores colecionadores de arte e galerias do Brasil e da Europa. As aspas em celebridade são pelo fato de Inos ignorar
completamente o significado da palavra fama. Sua essência de artista se mantém intocada.
Aos 85 anos, Inos ainda é o mesmo rapaz que chegou ao Brasil a 64 anos atrás, produzindo com o mesmo vigor e a mesma paixão, vivendo com a mesma simplicidade e recebendo os amigos sempre de braços abertos.
Seu ateliê é um espaço romântico, com todo aquele caos criativo de telas pintadas e outras apenas começadas, tubos e pincéis amontoados em todos cantos, retratos de amigos e de momentos que ele não quer esquecer… Cores, muitas cores. Tudo no universo de Inos se resume e se traduz em cores. Sua palheta é a própria vida.
Conheci também o ateliê de Sandro Corradin, meu colega arquiteto mas que se dedica às artes plásticas, confirmando a teoria de que talento é herança genética.
Mas Sandro é tema para um outro post.