Além da função original de abrigo e proteção, ao longo de séculos de civilização a casa sempre foi o espaço da família, o lugar para onde se retorna depois de um dia de trabalho, onde estamos sempre perto daqueles que nos são caros, onde recebemos amigos, onde construímos nosso universo particular.

No entanto, na nossa história mais recente, o conceito de Casa vem sofrendo grandes transformações. Sobretudo nas grandes cidades onde a falta de espaço conduz a uma supervalorização do metro quadrado, onde a falta de segurança faz as pessoas se fecharem em condomínios, onde o ritmo de vida frenético deixa pouco tempo para aproveitar sua intimidade e onde as famílias
são cada vez menores e com raros momentos de interatividade.

As casas e apartamentos espaçosos e confortáveis se tornaram um luxo acessível apenas às classes mais abastadas. As casas de classe média, em vilas, são substituídas por prédios que se erguem em uma sucessão espantosa, colocando 80 famílias no espaço que antigamente era ocupado por 8. E os apartamentos, cada vez menores, abrigam famílias cada vez mais reduzidas.

Um fenômeno bem característico das grandes cidades é o crescimento de famílias sem filhos e dos singles. Segundo dados do IBGE de 2011, o número de casais sem filhos equivale a 25% das famílias brasileiras. E o número de singles, chega a 23% dos domicílios, algo em torno de 8 milhões, sendo que só na cidade de São Paulo são 3 milhões de pessoas que vivem sozinhas.
Estudiosos afirmam que a “falta de espaço” é um dos fatores determinantes dessa nova realidade, criando uma sociedade cada vez mais individualista e, ao mesmo tempo, sem individualidade.
O ex-prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, realizou em 2013 um concurso para o setor imobiliário com o objetivo de escolher os melhores projetos para apartamentos de 25 a 33m2. O incentivo para a construção de condomínios com microunidades visa amenizar um dos maiores problemas da megalópole: a falta de moradias.
Em Nova York, Tóquio e também em São Paulo, (re)surge uma outra tendência: As repúblicas. Como forma de moradia temporária, ou não, as novas repúblicas juntam sob o mesmo teto pessoas com alguma afinidade e que compartilham da necessidade de um teto e abrem mão de individualismos. A grande diferença é que esses grupos dividem apartamentos
minúsculos.
Esses espaços reduzidos já são uma constante em revistas de decoração e são um grande desafio para arquitetos e designers de
interiores. O segmento que cresce a cada dia e se firma como tendência de mercado. Tanto que gigantes do ramo de mobiliário e design, como a Ikea ou a nossa similar Tok Stok, já possuem em linhas exclusivas para esse público.
Esse impressionante vídeo publicitário mostra como as pessoas podem se adaptar a pequenos espaços com algum conforto e o mínimo de privacidade. Porém fica o questionamento: A ideia de casa como lugar para viver, em todos os sentidos da palavra, é coisa do passado? Em troca do que estamos sacrificando nossos valores e nossas vidas?