Estava pensando no momento de crise generalizada em que vivemos e a reflexão é: quando será a ruptura? Será que ela já ocorreu e não percebi, ou será que precisamos de um pouco mais de caos em nossa vida política, econômica, financeira, cultural, moral para que sejam criados movimentos buscando a nova era…
Talvez o fato de estar vivendo neste momento e não só aprendendo sobre história de nossa sociedade e suas profundas cicatrizes, atrapalhe minha lucidez.
Não vivi o período de guerra nem pós-guerra mas vivemos as consequências deste mundo conquistado pelas disputa de poderes entre grandes potências.


No século XX, duas décadas ficaram marcadas pelas profundas transformações sociais e culturais cujos reflexos mudaram completamente o mundo ocidental: os loucos anos 20 e a rebelde década de 60.
Considerando um contexto financeiro e econômico com vários planos e tratados de reconstrução e cooperação econômica os norte-americanos aceleraram seu processo de industrialização e ao término da guerra gozavam de uma situação invejável. Por outro lado a Europa e seu campo de batalha estava em busca de novas soluções econômicas, financeiras, culturais e sobretudo habitacionais.


Mas ao mesmo tempo em que avanços científicos e tecnológicos impulsionados pela guerra refletiam na indústria, mudanças culturais e comportamentais também se processavam e nem sempre em sintonia com os “anos dourados”.
Se por um lado Hollywood vendia uma imagem romântica, glamourizada e irreal, a geração pós-guerra ficaria marcada pela incerteza e pelo conflito com os valores que levaram o mundo a uma experiência tão terrível.


Em 1951 o livro O Apanhador no Campo de Centeio, de J.D. Salinger, é o start de um movimento que 7 anos mais tarde ficaria conhecido como Beatnik ou Geração Beat. Ainda nos anos 50, o rock de garagem adicionava elementos do blues e do folk para gerar uma nova música. Nas Inglaterra de 1952, os artistas Laurence Alloway, Smithson, Richard Hamilton, Eduardo Paolozzi e Reyner Banham criavam o Independent Group, que deu origem à Pop Art.


No design, assim como na arquitetura, a palavra de ordem era Futurismo. O plástico surge como alternativa comercial flexível, barata, prática e colorida. O fiber glass surge como material revolucionário. O aço inox e o alumínio, sobras da indústria bélica já sem mercado, substituem a madeira sob o apelo da resistência e durabilidade. Tudo brilha. Tudo é produzido em série.
Nessa mesma época fervilhava também um movimento de oposição com o passado artístico, o modernismo. O modernismo quebrava com o conceito do passado histórico artístico, com o propósito de inovação e abrangência no ideal de arte.


E agora qual será a ruptura frente a tantas indisposições? Penso que é hora do “belo”, frente a tantas guerras que estamos vivendo.

 

Artigo publicado em minha coluna no Jornal de Jundiaí e Portal JJ